NOTURNO V
Será meu limite
saber onde termina
a avenida principal ?
Minha valentia
rola nas calçadas
das bocas de lixo ?
Seria Valentina
a do vestido encarnado ?
Bebia as noites
nas taças meia-lua
e servia as encantadas
criaturas da penumbra .
Sorria à meia-noite
e encarava as mesas postas,
Garrafas nas costas,
Bilhetes nos pires,
Deveres nos atos .
Trôpego ensejo
o beijo do bêbado
o sonho do náufrago
para onde a bússola aponta .
Precisava estar naquele lugar
a magia roubava as vontades
e ouro-de-tolo
os desejos alheios .
(Mário Sérgio de Souza Andrade)
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