APARTAMENTO
(Soneto inglês)
Não fosse só o mal de observá-la
Através das grades de uma prisão,
A paisagem se transforma em mandala,
Em labirinto, em espelho, desvão,
Vira rua sem casas, vira chão
E então, mais uma vez, volta a ser muro.
Recolho o que sobra desta visão,
Fecho os olhos e esqueço-me, no escuro.
E escapo de mim pela dor de um furo,
Me deixo levar ao sabor do vento,
Para além do passado e do futuro.
No quarto, porém, o meu sentimento
Fica assim, como um inexplicado crime
Que esmorece, machuca - mas redime.
(MarisaW)
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