A Garganta da Serpente

Maristel Dias dos Santos

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Chegar

Cheguei cansada, tirei os sapatos
E os guardei na fiel geladeira.
Alimentei meu cães e os meu gatos
E a mim mesma ofereci cadeira.

Esse mundo deixei, mundo imundo!
Mentiras, falsidades e ilusões...
E nada além de um cansaço profundo,
Traz-me de volta às minhas solidões.

Chutei a bolsa debaixo da cama,
E o tal chapéu pendurei no fogão,
Me desnudei das roupas e da lama,
Que sufocavam a respiração.

Eu consegui chegar, glória aos céus!
A minha linda casa é o meu rincão...
Para quê luvas, sapatos e chapéus,
Se sou pedaço desta solidão?

Olho em torno, quanta futilidade!
Todo objeto inútil vou jogar...
Amores trancarei na insanidade.
A fé eu tentarei salvaguardar.

Preciso, tão somente, pão e água
Para satisfazer o corpo escasso.
Mais tarde enterrarei a dor, a mágoa
E adormecer, no chão, o meu cansaço...

(11/07/2007)


(Maristel Dias dos Santos)


voltar última atualização: 08/02/2011
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