A Garganta da Serpente

Maristel Dias dos Santos

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Sei que é covardia. Arrisco-me...
Sei que cada um sabe onde o sapato aperta
Sei que só o dono da roupa sabe o que vai no bolso
Sei que quem não chora não mama
Sei que ninguém tem a dor que outro sente

Sei que o mesmo acontece com o prazer
Sei que em poucos dias morre-se de sede
Sei que de fome demora-se mais a morrer
Sei que lágrima de crocodilo é fenômeno físico
Sei que ele derrama lágrimas se abre a bocarra
Sei que não chora pelos filhos que não devora
Sei que a fome passa e fica a apatia

Sei que não se dá pérolas aos porcos
Sei que às pérolas não de dá porcaria
Sei que neurônios murcham pela desnutrição
Sei que é difícil cometer a primeira agressão
Sei que o homem mais feliz não tinha camisa
Sei que não fica velho quem morre jovem

Sei que é melhor andar só que mal acompanhado
Sei que se eleva o espírito pela meditação
Sei que imagem de santo é feita de barro
Sei que casamento é sociedade mal fadada
Sei que cantar mantras traz a iluminação
Sei que cremos em Deus, mas trancamos o carro

Sei que a fonte da riqueza é o mar da corrupção
Sei que é covardia julgar a covardia alheia
Sei que é covardia, mas arrisco uma canção:
__Guantanamera… Maldigo tanta lameira} bis

(Poema inspirado na ETHNO MUSIC PROJECT)


(Maristel Dias dos Santos)


voltar última atualização: 08/02/2011
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