A Garganta da Serpente

Maristel Dias dos Santos

  • aumentar a fonte
  • diminuir a fonte
  • versão para impressão
  • recomende esta página

(Clonar)

E aí o homem tornará eterno o seu invólucro carnal.
A ciência vencerá a morte tirando da célula a falibilidade.
Acabará a dor/sofrimento, mazelas do corpo material.
Fará do homem um ser perfeito em felicidade.
A fonte da juventude conservará adonisado o Adônis
E a Terra será uma reunião de seres belos e felizes.
Exército de Stallones e seus respectivos clones
Nos bancos de reserva, sem o menor deslize,
Para salvar-se de eventuais e naturais ciclones.
.......................................................................
Quando as crianças nascerem programadas,
Ninguém mais será feio, torto, nem inválido.
Talvez ninguém mais seja, sequer, mulher.
Teremos um mundo perfeito e esquálido.
Porque o ideal de beleza é restrito e banal.
Nem poetas, nem religiosos, nem fábrica de óculos!
Nem pernas mecânicas, muletas ou próteses...
..........................................................................
Ninguém mais precisará de Deus,
Pois todos serão deuses... E, inevitavelmente,
Chegará o dia marcado, em que:
Num transporte de desespero, desesperadamente,
O homem reinventará a morte.

(Leme, março de 1997)


(Maristel Dias dos Santos)


voltar última atualização: 08/02/2011
11713 visitas desde 01/07/2005

Poemas deste autor:

Copyright © 1999-2020 - A Garganta da Serpente