A canção natural
A canção natural
vibra na carne
e jorra quente pelos poros,
purificando a complacência
do corpo em supremacia,
a língua vil de um deus,
os atos rebeldes e intensos em explosão.
A boca de desejos,
de ordens e súplicas,
de frêmitos e belos pecados
percorre o gozo no instante uno
e toca o eterno que pulsa,
que pulsa entre beijos e glórias.
O olhar
de ternuras e tentações
pratica a sempiterna inspiração do espírito,
oferece as chamas plácidas de brutas paixões
e transborda-se em júbilo
pelo ardor da bondade.
O toque se faz conhecimento,
completa o universo
pelas mãos de arte e de instinto
que se contemplam e contemplam
que se descobrem e descobrem
que se despertam e despertam
a fúria de mil guerras
convertida em suor e devoção.
A perfeição
não é mais que a total perversão
que suspira e geme de gratidão,
trespassa a essência e o coração
e nega a negação...
Não é mais que a canção
cheia de êxtase e afirmação,
não mais que vida e compensação.
(Marlon Vilhena)
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