Lágrimas
Um dia misterioso, sombrio, acinzentado...
Enquanto as gotas da chuva fria
Rolam lambendo as vidraças empoeiradas
Eu, serena enxugo o pranto de minh'alma.
As longas lágrimas são amarguras
Da solidão espelhada na dor do povo,
Que despejado em suas estreitas janelas
Clamam por apoio e um fio de amor.
A chuva insistente escorrega na calçada,
Em meu rosto uma lágrima solitária rola
E nos sulcos fundos salpicam ilusões.
Me apavora a água traiçoeira e veloz.
O povo prisioneiro, com um medo selvagem
Lastima a sorte que lhe foi concedida.
Repousa, busca o sono, ajeita a cabeça, suspira
E deixa a chuva fina cair noite inteira.
(18/02/2002)
(Marly de Castro Neves)
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