A Garganta da Serpente

Martinho Ferreira de Lima

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CREPÚSCULO

Ao desmaiar de um sol aurifulgente
um corpo exânime também vê o fim.
Minh'alma triste se funde ao poente
e cai as trevas na tarde, e sobre mim.

Num conúbio invulgar e abducente,
saltamos juntos em um trampolim,
pra lá do mundo, banal, cognoscente,
tornando infinito esse Ínterim.

Profundamente imersos no não ser,
eu sou a tarde que finda, a esmaecer,
enquanto a tarde a fenecer sou eu.

E nesse eterno enlevo de um instante,
fomos, a tarde e eu, tão semelhantes,
que minha alma também anoiteceu.


(Martinho Ferreira de Lima)


voltar última atualização: 29/04/2008
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