A Garganta da Serpente

Maurício Chamarelli Gutirrez

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ESTES VERSOS DEDICO À MEMÓRIA DOS DEUSES
              que fartos de seu desconhecer
Lançaram-se frutos em abismos de nada.

Aos deuses que, cansados de plantar o que hoje é adubo dos campos,
Enforcaram-se em caules de videira,
A eles dedico este canto.

E o que eles viram,
que os fez assim arrefecer,
que os fez querer ver mais, ou nada mais querer ver;

O que eles viram,
O que nunca virei a conhecer
Permanece lá guardado
desde que arruinei o oráculo dos tempos.

              Em memória de mim mesmo manuscrevo estas curtas palavras:
De como, carcomido o fruto, brotei da semente abismal
De quando pelos templos da memória adentrei
De que lanças me usei
De quando profanei meu nome
E rosto e pele e torso
De como silenciei minha boca de filho,
minha língua de fiel.

De desde então me ser dito;
                                   Manhã.

E pulso
Do que salta como assinalado
Pra dentro do espaço.


(Maurício Chamarelli Gutirrez)


voltar última atualização: 13/03/2007
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