A Garganta da Serpente

Mauricio Sulinsk

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Sem nome

Castrado:
diante da noite
os olhos arregalados,
saltados.
Coração pulando-acelerado.
O corpo: ansiedade.
A palavra perplexa
ecoando na penumbra:
folhas da relva voando
desgarradas,
desnudando árvores,
deixando-as tal e qual
aos ex-seres-humanos-mortos-esqueléticos,
tépidos.
Ao corpo castrado
dos olhos arregalados,
os galhos, por ele, rangem.
E nuvens a encobrirem
estrelas,
a lua,
o céu,
a cobrir a terra:
Fim das luzes,
tudo o que os olhos vêem,
são imagens de corpovagando:
imagens nitidamentereais
no mundoirreal.
( quem disse que o medo
é mais agoniante que a realidade?)
O irreal ( aspecto grotesco
da imaginação humana),
assombra os pensamentos.
È a castração
dos olhos arregalados.
Os primeiros pingos da chuva,
E o primeiro relâmpago
a iluminar a noite (dando a
ela, um aspecto ainda mais fúnebre),
são silhuetas envoltas entre
aspectos diabólicos.
São demônios causando
O pânico no realirreal.
Os olhos vendo,
se molhando.
São as causas das
caveiras cadavéricas esqueléticas
andando ao redor das
árvorespeladas.
Não é a orgia do sobrenatural.
Não.
São as perplexidades respondendo
aos estímulos da imaginação
gerada pelo medo.
São atributos
angariando espaços nas
profundezas do oceano mental,
são motes
e mortes se agrupando
formando mais motes
e mais mortes.
De repente tudo cessa,
e o medo, esvair-se-á
e a calma
inunda-molha-mundo
remolha-o-corpo-molhado
do-medo-da-noite
e novamente de repente
o clarão aparece
no horizonte, formando
a cara-da-cara-com-cor-
pálida,que não é
a cara-pálida-do-cara-pálida
indigna.
E o corpo ali tombado
torna-se cara-pálida
e o coração para de bater.
Burrice do homem
produtor-de-fantasias-bruxalescas,
a máquina do medo
o matou.
E seu corpo pode ser
então a silhueta ali
que será formada pelo
próximo
relâmpago
produzido pelo espectro
da natureza
no encontro das nuvens.

(17/04/2007)


(Mauricio Sulinsk)


voltar última atualização: 26/05/2007
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