Profano
Desnudo a santa e admiro formas humanas
por baixo do pano (manto sacro) está o profano.
O escultor piedoso não poupou seios e anca
Em martírio por sua libido
em delírio se espanca.
Profano, pois vejo por baixo do pano
o que para a alma seria alimento.
E são tão precisas as formas
que pecaminosamente me atormento.
Grito o pecado do poeta
pela arte do esteta
Quem mandou esculpir em beleza gloriosa
Essa santa de madeira
que de qualquer maneira
Inspirou-se em mulher majestosa
(Mauro Gouvêa)
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