A face que tu viste
A face que tu viste em teu espelho,
um dia te olhará de modo alheio.
Perguntará aonde foi tua imagem,
procurando-a no tempo e seu segredo.
Onde transitará tua face cálida
que sustentou teus dias de sossego?
Prudente tu serás se para a lápide
conduzires o olhar mais puro e firme.
Retém a primavera de teu dia,
antes que a mão da hora te amorteça.
Verás pela vidraça a face lisa
o dia alado, mesmo se te engelhas.
Sustém a imagem enquanto o sol aquece
distante de teu passo. E permanece.
(Sonetos Shakesperianos, inédito).
(Maria da Conceição Paranhos)
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