ONDE ESTÁS, ONDE ESTÁS
Onde estás, onde estás que te esqueceste
de aparecer na casa que te cabe,
afastada de ti que te aqueceste
num corpo de mulher que sempre arde
por tua voz infiel? Dita essa memória
agora, que te quero. Quando abria
o dia de meu fado, eu auscultava,
como o sol, novo e velho a cada dia,
tua magia no peito que pulsava.
Ergue, musa de fogo, a face antiga
onde o tempo esculpiu amor e intriga
- e se também o fez em minha vida
doou-me o meu sustento, este meu verbo
para conter a foice quando chegue.
(Sonetos Shakesperianos In Poemas da luz inesperada, 2005).
(Maria da Conceição Paranhos)
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