O DESEJO DO BELO HABITA
O desejo do belo habita a alma,
mas o temor é que se apague e passe,
quando o tropel das horas se abater
sobre a figura prima da beleza.
A memória não traia a realidade,
todavia, fixada na centelha
do rápido fulgor de uma lembrança -
alimenta esta flama em teu caminho,
apesar de cruel o esto dos dias.
Sopra frescor no mundo envelhecido,
arauto da doçura em primavera.
E nós com nosso verso suplicamos
piedade aos errantes dessa estrada
- seu roteiro é ceifar-nos para o nada.
(Sonetos Shakesperianos In Poemas da luz inesperada, 2005).
(Maria da Conceição Paranhos)
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