AS HORAS COM MÃOS ENGENHOSAS
As horas com mãos engenhosas
teceram no olhar dos humanos
a face fugaz da beleza.
Tateamos no escuro denso,
buscando a visão soberana.
Sopra o vento no descampado
e destrança a breve urdidura.
Nossos olhos não mais divisam
a miragem da formosura -
cela volátil do sublime.
É a mão do tempo que nos priva
do que pensávamos perene.
A lembrança absorve fiel
o instante tornado indelével.
(Sonetos Shakesperianos In Poemas da luz inesperada, 2005).
(Maria da Conceição Paranhos)
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