CANGAÇO
(Para João Bá)
Para quem pensa
Que o cangaço se acabou
Vive parado na história
O cangaço continua
Silencioso na memória
Sem volantes, cangaceiros
Ou Lampiões
Matando muito mais gente
Pelas cidades e pelos sertões.
Quem imaginou
Que no tempo do Capitão
Houve mais mortandade
Enganados todos estão
O cangaço anda solto
Com a anuência do grande Cão
Agora dando gravatas
Em insuspeitos cidadãos
Matando muito mais pais de família
Pelas cidades e pelo sertão.
O nordestino morrendo de fome
E o preto pobre metralhado na invasão
Lampião foi um santo
Besta é aquele que difama o capitão
Diga-me se o cangaço
Não tá aí agora, não
Sem clavinote, fuzil ou mosquetão,
Silencioso na capital federal
Em pleno coração de minha Nação.
(Miguel Carneiro)
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