A Garganta da Serpente

Miguel Carneiro

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TRIBUTO A UMA DIVA DO TEATRO BAIANO

Para Nilda Spencer,
com carinho.

Quando Martin Gonçalves, a chamado de Edgar Santos,
fundou a Escola de Teatro, Nilda Spencer estava lá,
contracenando com Maria Fernanda e Sérgio Cardoso.
Nilda, mãos delicadas, na moldura da ternura,
chuva fina que molha nossos telhados em lembrança,
gestos nobres num Palco iluminado.
Platéias, de pé, ovacionando-a.
Menino, com quatorze anos,
freqüentei as suas aulas de Dicção,
na tarde colorida daquele inesquecível verão.
Minha voz foi ficando sem cisco,
sem gôgo, sem atropelação.
Nilda, na memória,
doce, educada,
presente no território de meu coração.
Revejo, então, Adelino na Portaria,
Josito fumando na cabine de luz.
Corro os olhos,
Tia Lilia está moldando uma vestimenta,
Tia Cota na cantina envolta de flores de papel crepom amarelo.
Vejo minha Tia Cleusa,
decidida passando banho de Água de Alevante,
Procuro por João,
bigode aço,
me livrando dos fuxicos,
da intromissão.
Vejo os dois leões,
Nilda, Nilda naquela tarde...
Sempre cheirosa,
irradiando alegria,
pura emoção.


(Miguel Carneiro)


voltar última atualização: 24/11/2007
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