Noite Salgada
A janela quebrada rumorejava silêncios
Despida das vidraças era apenas
Um corpo lascivo a insinuar-se à lua
Nu, arrepiado pelos lábios do segredo
Olhavas perplexa a dança líquida
Tango, o cheiro dos corpos suados
A noite estava quente, cheirava a sangue
E convidava a ficar
O branco da mortalha lembrava-te
Outras noites, outros corpos, outros cheiros
Escondidos na escuridão do tálamo
Fechaste os olhos no aconchego do nada
E esperaste que a pele ficasse orvalhada
Pelo odor da saliva
(Miguel Regozijo)
|