A Garganta da Serpente

Milena Milena

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Espírito pequeno, espírito perdido
Procuro as idéias que me preencha a cabeça
E façam de minha boca uma fonte incessante de sábias palavras
Para assim conseguir satisfazer meus ouvidos
Que por ora se repugnam com o som de minha voz
Que soa vazia em ecos sem profundidade
Nos labirintos de minha disfarçada ignorância.

Quando te alcançarei sabedoria?
Único alimento pelo qual anseia meu espírito
Quando cessará esta fome que me consome a cada dia?

A fraqueza me trouxe um dia um doce delírio
Que me conduziu a árvore do fruto verdadeiro
E me fez perceber que estes que cato ao chão são demasiados insípidos e vazios
Mas não será justamente estes que merece meu raso estômago?
Não será só para estes que ele foi preparado?

Certa noite tive um sonho...
Um sussurro me sondava sobre minha fraqueza e meu delírio
E me revelou qual era minha verdadeira ilusão:
Era crer que de fato ainda não provara tal fruto
(Grande ilusão!)
- Achas que tua boca é digna de tal sabor? - Me interrogou...

Quando acordei não havia mais sussurro, nem mais ilusão
Apenas o silêncio que me acusava implacável
E como desejei ser cega para não ver a verdade
E surda, para nem sequer ouvi-la
Mas a verdade era que a insipidez não estava nos frutos que provara
Mas em minha boca, apenas nela!

Ainda assim continuei
Insistindo com minhas eternas dúvidas vazias
E minhas respostas por trás de uma nuvem, de mim zombavam
Enquanto eu com os braços estendidos em direção às suas alturas me petrificava
Como eterno símbolo de uma alma que não consegui se alcançar.


(Milena Milena)


voltar última atualização: 13/01/2009
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