A Garganta da Serpente

Mill

O ESPELHO de DEUS

Eu vou cruzar o céu
Eu vou rasgar os mares
Eu vou cortar estradas
E não vou poupar detalhes
Eu vou pra muito além que eu possa imaginar
Eu vou contar em canto, pro encanto não quebrar...
Já faz tempo que amei e também já fui feliz
Mas era meio tolo, feito um jovem aprendiz...
Vivia procurando por tudo aquilo que eu já tinha
Acabei me afundando em over doses de euforia...
Quanto mais fundo eu ia, muito mais eu me empolgava
E não percebia que do mundo eu me afastava...
Eu não me conhecia, e era agora só uma sombra
De toda minha vida, não lembrava, não sabia...
Dos meus sentimentos as emoções eu confundia
De alegria eu chorava de tristeza eu sorria...
Vivia pelos cantos, becos, margens e esquinas
Vestido maltrapilho, malcheiroso, insensível...
Eu não sentia fome, nem sede mais eu tinha
O que me saciava eram doses de agonia...
Ingeridas pelas veias de um corpo indirigível
Sem controle, sem caráter e um pensamento inteligível...
Não faltava então mais nada pro show se encerrar
Foi quando da platéia fitou-me alguém no olhar...
E aquele olhar dizia, pra eu observar
Da forma que eu agia também o fazia sangrar...
Eu não o conhecia, mas era familiar
Foi quando decidi um pouco mais me aproximar...
Toquei na sua face... Na luz do seu olhar
Refletido num espelho foi que eu pude enxergar...
Que eu era parte de um plano e não podia fracassar
Que o momento agora era de enfim me libertar...
Despi-me então da máscara
Dos sentimentos de fracasso
E as incertezas do amanhã?
Coloquei-me em seus braços...
Curei-me das feridas, de corpo e de mente
Respirei o ar da Vida como se nascesse novamente
Na verdade eu renasci... Só que agora é diferente
Pois agora tudo eu posso Naquele que me fortalece...


(Mill)


voltar última atualização: 21/03/2011
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