A Garganta da Serpente

Milton Feliciano

  • aumentar a fonte
  • diminuir a fonte
  • versão para impressão
  • recomende esta página

DE ONDE VENHO

Eu venho das entranhas do Brasil,
Sou brasileiro, sou matreiro,
Sou citadino, sou mateiro,
Sou, desarmado, soldado sem fuzil.
Eu venho das barrancas dos rios,
da beira do mar, do alto das serras.
Eu venho do norte, eu venho do sul,
venho do leste e do oeste,
De todos os pontos de partida, eu venho.
Já fui seringueiro, fui mascate.
Na beira mar, como caranguejo ,
andei para traz e fui para o interior.
No sul fui carneador,
no nordeste fui vaqueiro,
no norte seringueiro e barqueiro,
no oeste plantador..
Plantei café, plantei cana,
Colhi algodão, colhi laranja,
Soja, nas costas, carreguei.
Retirei sal e peixes do mar.
Eu venho das entranhas do Brasil,
Sou brasileiro, sou matreiro
A vida não me assusta,
com força enfrento tormentas,
em sossego e mansidão aprecio a natureza.
Rio o riso dos inocentes,
choro a dor de nossas mazelas.
Choro pelos pobres e desvalidos
choro mais ainda,
Diante da nossa impotência.
Ante a morte dos ideais.
Mas não desisto, não me rendo.
Eu venho das entranhas do Brasil,
Sou brasileiro, sou matreiro,
Sou citadino, sou mateiro,
Sou, desarmado, soldado sem fuzil


(Milton Feliciano)


voltar última atualização: 21/07/2010
9715 visitas desde 29/11/2007

Poemas deste autor:

Copyright © 1999-2020 - A Garganta da Serpente