A Garganta da Serpente

Milton Júlio de Carvalho Filho

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IMPROVISO

Na hora "H"
Em que tinha que estrear,
Aconteceu um acidente.

O palco desabou!
Debaixo dos escombros
Ainda ouvia a platéia,
Sorridente, delirante,
Pedir bis!

A minha morte
Não tinha sido notada.
Parecia uma piada!

Tive que sair dos escombros
E sobre aplausos
Estrear.

Atordoado, passei a sorrir
Junto com a platéia.
Queria compreender o que acontecia.
Estava morto
E ria.

Por fora sorria,
Por dentro chorava.
Era esse o primeiro texto
Que eu improvisava.

Hoje sou sempre ator.
Quando meus palcos desabam,
Improviso,
Mas não aviso.
Sei que é assim:
Pra mim estou morto,
Para os outros estou vivo.


(Milton Júlio de Carvalho Filho)


voltar última atualização: 03/05/2010
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