A Garganta da Serpente

Maria José Zanini Tauil

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PSIQUE

TUDO...
pronome com abrangência
ilimitada...
tudo é solidão
no meio de tantos
e tanto barulho

Sinto-me árida
tudo é secura
terra sedenta
sem água
(redundância!)

Preciso
do sêmem da chuva
fecundar minhas sementes
renovar minha terra
reanimar forças
desmaiadas

Falta motivação
uma sacudida da vida
quero ultrapassar
meus mistérios

Preciso atingir
o inatingível
sou fera ferida
por açoites noturnos

Assumo esse fogo
que me consome
e vislumbro a claridade
tão tênue
que tremeluz
no poço do calabouço
de medonha escuridão

Tudo é árido chão
floresta virgem
e campo minado
angústias abraçadas
desejos represados
a espera
de que o dia amanheça
para receber
o beijo do sol
pela fresta
da minha janela

Tudo é esperança
molhada
de asas quebradas
juntando meus sonhos
na mala velha
guardada naquele porão
das lembranças
da juventude...


(Maria José Zanini Tauil)


voltar última atualização: 12/10/2007
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