Sob o Sal do Atacama
vontades, ventanias e tempestades
areias, áridas, salgadas
me procuro entre o quente da pele
na costura invisível da renda azul da minha saia
essa loucura que tenho
diva não !
doidivanas, leviana, levada
nas lúdicas altitudes rochosas
precipitada e precipício
morri de sede no deserto do Atacama
estradas salgadas
cristais de estradas
me ressuscitaram na cama
lençóis coloridos
lenços idos, teares incas
essa loucura que tenho entre as cores das minhas coxas
morri de fome, ressuscitei com gula
meus gigantes na terra das areias
morri de água em mar ou deserto
lago e largo, certo ou incerto
Vale da Lua na Cordilheira do Sal
morri de sede no deserto do Atacama
ressuscitei com as cores do meu corpo entre as pernas
na cama doidivanas, ama insana,
com um infinito de desertos férteis
precipício, preciso, impreciso
que Licancabur espere
sandálias de mandalas
pedraria e bordados
escondi minhas vontades na costura invisível da renda azul de minha
saia
(Mona Lisa Budel)
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