esquartejando
dou os nós...
não em cordões de sisal
eu lhe dou os nós...
estendendo os tocos de meus dedos partidos
dou o meu tocar
arrebento as articulações
entrego as digitais que me tornam diferente
dou os meus nós
fico com meus tocos ...
toscos, trêmulos, tortos
leve seu valor
deixe meus erros
tenho urgência em escrever
o mundo que espere
vão-se os dedos
ficam os pensamentos
as palavras me cortam.
me exigem, sugam, tomam
mastigam meus dedos, roem meus ossos
mande cortar,
ela cortará
maldição, bendita
uma frase perdida,
mordida,
uma palavra homicida
mando dizer estou doente
ficarei em minha companhia.
bebendo o sangue deste esquartejar.
linhas continuas, lado á lado
minhas mentiras, que se seguem
me entrego , dou á mim
e costuro em poesia dolorida
dedos que se desprendem
sem ossos,
meus nós são letras
(Mona Lisa Budel)
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