A Garganta da Serpente

Monalisa de Moraes

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Desabafo

Eu falo demais
Para esconder o que sinto
E expressar o que penso,
O que sei.

Num mundo de imagens
É mentir ou omitir

Eu observo demais,
Para esconder-me
Observar a fraqueza alheia
Para que a minha não se escancare

Eu distribuo conselhos
Camuflo segredos
Confio em poucos que me conhecem

E confio bem

Atravessar as barreiras espessas de minhas muralhas
É um trabalho difícil, mas quem atravessa...
É guardado pra sempre

Gosto de muita gente,
Quase não tenho inimigos marcados
Geralmente não me aproximo o suficiente para ligar para tudo isso
E não deixo aproximarem-se para conhecer-me bem

Faço tudo de modo complexo
Torno-me enigmática
Isso para que eu mesma não note
O quão simples sou.

Aí é que eu escrevo
Deixo cair as máscaras
Meu íntimo desabafa
E vem, em fim, o sossego.


(Monalisa de Moraes)


voltar última atualização: 13/01/2009
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