Poema à vida
Ah! Como te detesto, o doce e amada vida,
O amargo açucarado do teu mel agridoce
Suave como um sonho de penas e chumbo, tão reais...
Tua simplicidade complexa me fascina
Te idolatro e te desprezo
Com todo o ardor de meu pensamento acéfalo
Oh pura vida pecadora e santa devassa!
Talvez o oscilar entre amor e ódio é que me mantenham
Logo no topo dos longos pelos do coelho branco
Tirado num instante da cartola do universo
Fica, se desejares, de cócoras bem rente à pele,
Amaldiçoais ou abençoe a vida, durante toda ela.
Distancia-te cada vez mais da ambulante metamorfose
Mas saiba, filho do tempo, não aprendestes a viver;
Não sabes o que é amar
Não saberás o que é prazer, sem antes conhecer a dor.
Conhece-te a ti mesmo, oh homem,
Conhecerás todo o universo
(Monalisa de Moraes)
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