A Garganta da Serpente

Mônica Fernandes

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Consciência

Muito nitidamente, percebi que minha busca passou por mim
Tantos anos... E eu esqueci aquele sorriso no escuro
Sentia minha Inocência me ferindo, mas não percebi que ela estava morta.
Assim como estão mortos os meus sonhos... Há muito tempo...

A certeza de que jamais encontrarei os sentimentos que anseio
Veio-me tão concreta e destilada que fiquei velha... Muito velha
Qualquer esperança se dilui quando desejamos o passado
Meus desejos morreram numa dança de vozes nuas...

Perdida num cansaço viscoso me pergunto para onde vou...
E o que hei de fazer se não posso mais buscar?
E como hei de viver sem o peso dos meus sonhos a me ancorar?
Minha alma há de querer perder-se e meu corpo ficará inerte.

Não haverá mais rostos, nem palavras, nem encantos...
Nada a mover-me senão o desgosto de viver os dias sempre brancos.
Devo procurar teu nome? Teu presente me fará sorrir no escuro?
Não. Nada é capaz disso hoje... Porque a juventude acabou-se!

Estou velha... Muito velha...
Meus suspiros enrugaram, as lágrimas secaram...
Não há nada a descobrir... Em lugar nenhum...
Não há nada a fazer, senão esperar...


(Mônica Fernandes)


voltar última atualização: 17/08/2009
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