SUICÍDIO
Teu semblante nublou o sol por um instante
Com a súbita sombra de imagens antigas,
Que desfilaram vivas pelo teu olhar distante
E fez da minha esperança uma ilusão errante
A navegar sem rumo pelo meu peito navegante
Tropeçando em feridas antigas, em dores contidas,
Em mágoas que eu julgava esquecidas, que desdita,
Estão soltas e vivas na minha alma que grita
A vida é descida contínua sob o véu da lágrima
Amanhecida, na espera da paz prometida,
Em noites mal dormidas ou em goles de bebida,
A anuviar o silêncio dos sentidos nos bares da vida
O que antes era pacato, tratado com recato,
De repente virou pecado, sem respeito e sem pudor,
Este querer insubordinado afinal cansou de tanta dor
Preferiu morar no infinito a sofrer pelo que já estava perdido,
E quase embevecido, suicidou este amor bandido.
(07/10/03)
(Morgana)
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