A Garganta da Serpente

Morgana

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AMOR EMPRESTADO

Eu me recuso a esperar o gesto
Vestir a alma com roupa de festa,
Ansiando pelo momento certo
De resgatar um tempo sem arestas,
Sabendo que tudo que resta
É um passado morto, vazio e deserto,

Eu me recuso a reviver o luto
De um amor que acabou em tumulto,
Sem rumo, envolto em véus escuros,
A esgueirar-se por caminhos obscuros,
Condenado a morrer imaturo, sem futuro,

Eu me recuso a alimentar teu orgulho
A te acompanhar neste fatal mergulho,
Onde esperas submergir curado,
Deste amor transfigurado, sem prumo,
Tal qual um pássaro abandonado,
Que foge da tempestade num vôo desesperado

Eu me recuso viver ao teu lado
Não te aceito repartido, aos pedaços,
Desequilibrado a me seguir os passos,
Não quero teu amor emprestado,
Nem o sobressalto de ficar em abandono,
Na solidão sombria de mais um outono.

(10/10/03)


(Morgana)


voltar última atualização: 12/01/2004
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