A Garganta da Serpente

Murilo Araújo

  • aumentar a fonte
  • diminuir a fonte
  • versão para impressão
  • recomende esta página

Carrilhões

Sou o tristonho sineiro que moureja
fiel às vozes do além, surdo às vozes do chão-
sou o Quasímodo novo e pobre, em minha igreja
Nossa Senhora da Imaginação.

Invisível igreja! Igreja da Lei Nova!
Templo de naves de ouro e pórticos de luar!
Amo o teu campanário espiritual que trova...

(Amem todos o incenso... outros -o altar!)

Amo o teu harmonioso campanário
Imaginário
e inatingível -a vibrar
estas rimas e sons -que, solitário,
escuto, limpas, limpo no ar
a gorjear.

Amem outros o altar, amem outros ou incenso,
sejam mestres -rabis ou deuses da oração...
Serei na torre só.

Sinos! Tudo o que penso
Ecoai longe do pó,
musicai na amplidão!

Rolando ecos no mundo -oh, versos- ide zoando
interpretando a alta e sonora inspiração.
Vozes de ouro e de bronze e de cristal, vozeando -
eu só posso cantar no vosso carrilhão!

... e só posso chorar no vosso carrilhão.

...E so posso chorar... no vosso carrilhão...


(Murilo Araújo)


voltar última atualização: 06/12/2005
6023 visitas desde 06/12/2005

Poemas deste autor:

Copyright © 1999-2020 - A Garganta da Serpente