A Garganta da Serpente

Naldovelho

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TRAGICOMÉDIA

Estreitas passagens impedem a viagem
retardam o regresso do pecador confesso
que envolto em chamas busca e clama
pela misericórdia do perdão.
Promete reformas, se empenha e ora
e diz que agora vai ser diferente.
Enroscada num canto a serpente observa,
sibila satisfeita, sorri de prazer.
- É muito o veneno que ainda existe em seu ser.
A platéia entretida assiste o espetáculo,
querubins pervertidos, excitados pedem bis.
Estranho personagem que em insólita viagem,
rasteja pelo palco, comete mais bobagens,
se embriaga do veneno, interpreta um selvagem
e iludido pelo aplauso se diz um aprendiz.
Na coxia, excitado, um arcanjo safado ri do infeliz.
São muitas as teias, são muitos os dramas,
coadjuvantes reclamam melhor papel nessa trama
e revoltosos proclamam o fim do espetáculo.
A platéia silencia, não entende o enredo,
não percebe que a morte é a grande atriz.
E o nosso personagem sai às pressas do teatro,
vai em busca de um outro palco onde possa ser feliz.


(Naldovelho)


voltar última atualização: 29/03/2004
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