A Garganta da Serpente

Nel Meirelles

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Dualidade

vivo entre os versos que escrevo
e as notas da canção
que se espalha
com o vento morno da tarde,
como luz de luar se banhando
nas águas da Baia da Guanabara
vista do Aterro do Flamengo
quando vagueio pela madrugada
no meu carro ouvindo Caetano.

vivo entre sonhos e verdades,
entre nuvens esparsas
que pairam sobre esse meu céu particular,
esse pedacinho mesmo que fica aqui,
em cima da minha casa,
e que visito todos os dias
por entre os ramos
da mangueira carregada
de frutas e de sonhos.

vivo entre o rubro do meu peito
e o negro da noite,
compondo o rubro-negro
da minha paixão de bola.

vivo entre ser ou não ser
poeta e músico,
entre cantar uma canção nova
ou reentoar aquela do Beto Guedes
que ilumina os rios de Lumiar.

vivo intensamente cada instante de luz
e amo plenamente cada estrela
das minhas madrugadas insones.
vivo. renasço.
morro. cresço.
esqueço. reaprendo.
sou dualidade perene.
assim. solene.


(Nel Meirelles)


voltar última atualização: 18/06/2004
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