Violando
meus dedos encurvados
traçam notas e canções
nas cordas tortas
do violão,
ecoando nas suburbanas noites cariocas
qual esparsos pirilampos
espantando por instantes
a escuridão.
cordas e notas,
canções e estrelas,
tudo misturado
misturando tudo
enquanto pessoas passam
apressadas e sem destino,
qual pequenas lesmas se arrastando
no meio do nada.
arremesso sons
ouvidos moucos.
meus dedos dançam
nos trastes de bronze
e me perguntam
se eles te tocam
como acariciam estas cordas.
virtuoso
ou amador
nos segredos
dos teus sons
e no silêncio intrigante
das tuas canções,
toco e toco de novo
buscando respostas
caçando sonhos
bebendo ilusões
violando tua alma
com uma canção do Cazuza
(Nel Meirelles)
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