A Garganta da Serpente

Odair Ribeiro

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E As Pedras Ainda Rolam

Se as pedras ainda rolam, por que ser estático?
As viagens mentais chegam ao infinito
Um laço de fita vermelha nos cabelos negros de uma mulher morena
Um beija-flor beijando flor e flor
A dor, a dor, o amor, o amor.
E as pedras ainda rolam, rolam.
Um sono invade à tarde, os suplícios, os pensamentos.
Os espíritos na espreita das vigias noturnas
Os olhos olham, olham e nada vêem.
Uma vida vinda quase se finda
Uma mulher faceira de pele clara sorridente, saltitante, reluzente.
E uma pedra rola, se enrola na ribanceira.
No profundo abismo para ante o impacto da meiguice
Pedras sob pedras
Um filho nasce uma filha morre.
Um homem vaga pelas estradas
Os lares perderam o cheiro da mãe-mulher
Crianças nas creches crescem ciumentas
Rompem-se os elos outrora belos
E as pedras rolam, rolam, enrolam a brisa da manhã
O homem em seu fim de tarde, oprimido, cala, arde.
Se as pedras ainda rolam por que ser estático?


(Odair Ribeiro)


voltar última atualização: 19/01/2009
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