TEUS UMBRAIS
Umbrais do teu sorriso
ultrapasso nada incólume,
que teu sorriso é arma
que me arranca pedaços
com cinismo sórdido.
Lanço mão da lança metálica
que é tua própria ilicitude,
baixeza que teu peito abriga.
Ah! que esta lança é fria
como fria, a tua veia que não pulsa!
Mas escudo desencantado
nada protege, nada impede
e neste campo serenado
em noite de névoa, eu que quede
meu corpo diante de teu pedestal!
Inda que eu tente tudo
nada é capaz de atingir
este teu ego brutal
E mais que avance este umbral
mais quero adentrar-te e não posso!
Vício que me mata aos poucos,
eu cada vez mais frágil,
tu cada vez mais louco!
Tu me cegando as razões
como cegam a fé e o salmo
E sábio, preparas tua ceia:
Eu morrendo aos teus pés,
tu carregando meu escalpo
dentre as sepulturas de mim mesma.
(Patrícia Evans)
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