A Garganta da Serpente

Patrícia Evans

  • aumentar a fonte
  • diminuir a fonte
  • versão para impressão
  • recomende esta página

TEUS UMBRAIS

Umbrais do teu sorriso
ultrapasso nada incólume,
que teu sorriso é arma
que me arranca pedaços
com cinismo sórdido.

Lanço mão da lança metálica
que é tua própria ilicitude,
baixeza que teu peito abriga.
Ah! que esta lança é fria
como fria, a tua veia que não pulsa!

Mas escudo desencantado
nada protege, nada impede
e neste campo serenado
em noite de névoa, eu que quede
meu corpo diante de teu pedestal!

Inda que eu tente tudo
nada é capaz de atingir
este teu ego brutal
E mais que avance este umbral
mais quero adentrar-te e não posso!

Vício que me mata aos poucos,
eu cada vez mais frágil,
tu cada vez mais louco!

Tu me cegando as razões
como cegam a fé e o salmo

E sábio, preparas tua ceia:
Eu morrendo aos teus pés,
tu carregando meu escalpo
dentre as sepulturas de mim mesma.


(Patrícia Evans)


voltar última atualização: 28/09/2004
13088 visitas desde 01/07/2005
Copyright © 1999-2020 - A Garganta da Serpente