A Garganta da Serpente

Paula Cury

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Acordei

Acordei... querendo um colo...
não pra chorar... não pra desabafar...
apenas um colo pra me deitar... me sentir segura...
fechar os olhos e deixar todo o resto pra lá...

Acordei querendo ouvir um voz macia... doce... suave...
dizendo que sonhou comigo...
que sentiu minha falta...
que quer me ver...

Acordei com vontade de rir...
rir do nada ... de tudo e para todos...
Caminhar de encontro ao vento...
sentir o sol na pele... a chuva... o frio e o calor....
e andar... andar sem rumo... sem destino...
apenas seguir em frente...

Acordei com vontade de ouvir música alta...
fazer poesia... ler... escrever...
Sentir cheiros... todos os cheiros...
flores... perfumes... suores....

Acordei sem saber onde...
sem saber como...
sem saber por quê...
apenas acordei... com uma vontade imensa....
de tomar sorvete e comer pipoca....
comer melancia sentada na calçada....
me lambuzar de manga...
me embebedar de vinho...

Acordei com coragem de me libertar ...
de me entregar...
de acreditar....

Acordei procurando as palavras incertas...
da certeza do meu desejo...
desejo incerto de palavras certas...
que vem e vão tão fácil...
me fazendo esquecer da anterior....

Acordei cantando musicas que lembram a infância...
infância que não volta...
mas que está presente em mim...
dando vontade de pular... brincar... rodar...

Acordei sem medo do dia...
sem medo da ida e da volta...
sem medo do desconhecido...
coragem de ser e fazer...

Acordei ....

Acordei da vida...
e agora, começo a sonhar...


(Paula Cury)


voltar última atualização: 26/11/2004
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