Ah! Saudade.
Saudade do que se foi
Saudade do que virá, talvez
Saudade é nome triste que em mim habita
Saudade é canção que meus lábios entoam
Saudade, saudade, saudade
Triste poeta sem saudade
Sem rimas e sem canção
Caminha sem rumo a contra-passo
Suspira sem ter razão.
A lua, triste, chora estrelas prateadas
Busca nas nuvens o que lhe roubaram
Os raios do sol não a alcançam mais
A saudade respinga em orvalho sem fim
Ah! Saudade, saudade, saudade
Seu cheiro ainda no ar
Seu cheiro, saudade, apenas seu cheiro.
Já não lembro a cor dos olhos
Já não sinto o gosto da boca
Pássaros já não cantam em minha janela
O rádio está mudo, em silêncio como eu
Janelas fechadas a ferro, a trinco
A porta há tempos não se abre mais.
Ah! Saudade, saudade, saudade.
Vem e vai sem pedir licença.
De mansinho invade meu travesseiro
Faz ai sua morada cruel,
Me leva em sonhos sem fim
Chama em gritos a quem espero
Tira as rimas de meu pensamento
Busca no impossível o possível
Traz de volta da saudade a saudade em mim
Ah! Saudade, saudade, saudade
(Março/2004)
(Paula Cury)
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