A Garganta da Serpente

Paula Ramos

  • aumentar a fonte
  • diminuir a fonte
  • versão para impressão
  • recomende esta página

Palavras sujas e profanas

Intoxicação de palavras vindas de seus lábios cruéis
Palavras sujas e profanas
Palavras cruéis como o suco de um frasco de veneno sobre a mesa
Sobre a mesa palavras sujas
Palavras imundas, cheias de poesia, como o canto de uma parede velha
Palavras escritas numa parede suja, velha e profana
Palavras imundas, nojentas e cruéis
Palavras tão sujas quanto um cachorro de rua
Sujas como sua mente profana e obscura
Como um abismo escuro, muito escuro
Palavras jogadas num beco fedido e grudento
Palavras largadas como drogas alucinógenas nas ruas de São Paulo
Envenenamento de palavras de efeito moral na multidão de mim
De meus pensamentos feridos e amargurados
Sentir o sangue escorrer de sua boca, o ódio de seu olhar
Palavras doloridas como a guitarra desafinada num show de rock
Que entorpece meu corpo, levando à masturbação da minha mente
Culpa de suas palavras sujas e profanas banhadas a vinho tinto e drogas
Pichações de palavras sujas nas paredes do quarto
A luz vermelha do quarto cheio de palavras profanas que cortam meu corpo
As correntes penduradas no teto, todas aquelas palavras penduradas nas correntes
Uma adaga de palavras encravada na minha mente
Palavras cruéis, profanas e sujas, que só viriam de uma mente como a sua
E, mesmo em silêncio, ouço suas palavras, porque seus olhos bradam tais palavras
Correndo de noite pelas ruas ou deitada no quarto e nua
Ouço suas palavras profanas e sujas


(Paula Ramos)


voltar última atualização: 07/08/2007
11353 visitas desde 05/03/2007
Copyright © 1999-2020 - A Garganta da Serpente