A Garganta da Serpente

Paula Valeria Andrade

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Como um Satélite

As pessoas do meu passado
não me deixam, jamais.

Vivem por dentro e por perto,
mesmo se falecidas.
Tanto faz.

E estão sempre todas povoando minha mente.

Aqui vivem se amigos,
se ex-amores
parentes ou ancestrais.
São imagens
das datas, das cores, das coisas.
Representam cheiros.

Mortas ou vivas, estão todas perdidas.
Embaralhadas.
Mixadas, nos fotogramas da memória.

Mas achadas,
também sempre estão
se em algum canto do meu pensamento.
Entre achados e perdidos somam um inventorio.
E não há regras de limite divisório.

As pessoas do meu passado
nunca vão me deixar,
habitam aqui de perpetuo,
São fatos tatuados
na íris dos meus olhos,
são janelas do meu tempo
no que sinto e penso,
são o que me fazem e o que sou,
e com isso, o que tenho pra contar.

As pessoas do meu passado,
adormecem e acordam comigo.

Tomam goles de café, sejam os doces ou os amargos.

As pessoas do meu passado
giram em torno de mim,
da minha historia, da minha bolha e do meu umbigo.

Como um satélite de um filme já vivido,
no eterno retorno
da busca do meu elo perdido.

(dezembro 2005 - publicado na Antologia "Anjos de Prata" de 2006 - São Paulo)


(Paula Valeria Andrade)


voltar última atualização: 01/04/2007
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