Rabisco duas deusas
Eu trago duas
dentro de mim.
Uma que diz não e
uma que só sabe dizer sim
Uma quer ser Atenas
outra Afrodite
Uma lógica ou confusão e
uma,
chá de jasmim
Uma temperamento,
outra sentimento
Uma por vezes Perséfone
ou então por vezes Hera
Uma bem forte,
que segura,
resolve
e apronta.
E outra
delicada,
calada,
às vezes até meio perdida e tonta.
Uma que é certinha
e outra que é meio revoltada e torta
Uma totalmente Amélia
E outra poderosa Cleópatra
Uma meia cheia de si
e de meias-verdades
outra vazia de tudo,
até de ideologias, ou falsidades
A que diz: agora !
E aquela que deixa pra amanhã.
A sabor de jaca,
e a de maçã.
A guerreira e
a bailarina.
A mulher e
a menina.
A jagunça e
A mocinha
A malvada e
A rainha.
A que sabe das coisas
E cala.
A que cala, porque não sabe exatamente das coisas.
A vivida.
A inocente.
A que enfrenta tudo !
A que morre de medo
A que dorme tarde
A que acorda cedo
A que acorda tarde
A que dorme cedo
A que nunca se sabe
mais da metade.
E a que é um livro aberto,
por certo.
A que bem que gosta de um trago
e a que nunca bebe.
A que é flexivel
e a que nunca cede.
Sao essas todas um pouco das duas que trago
dentro de mim
dualidade descomplicada, simples mesmo assim
nas histórias e
memórias marcadas no
meu tamborim
Meu carnaval pessoal,
Babel glocal
de um ritmo desigual
de quem manda mesmo
dentro de mim
entre
as dávidas das duas que trago,
como um gole doce ou amargo
mas muito quente
sejam nos passos firmes
ou vagos...
dependendo do papo,
do ritmo
ou do compasso.
As que no papel rabisco e as que eu incorporo ou mesma invento
e faço.
(agosto de 2004)
(Paula Valeria Andrade)