A Garganta da Serpente

Paula Valeria Andrade

  • aumentar a fonte
  • diminuir a fonte
  • versão para impressão
  • recomende esta página

O Amor tem olhos azuis

Se eu só fosse o seu vício
Seria um sacrifício
Um sacrilégio
Um pecado a mais atrás da porta do colégio

Mas eu não sei
Apenas vou além de um orifício
Da fechadura
Da carne pura
E eu digo que não sei

Confesso que nunca me
Perguntei

Porque o amor para mim
Tem olhos azuis - de cristal
transparente de vontades
E barba por fazer ...
E cara de macho
E um batimento cardíaco que nunca pára

E porque ele não tem hora
Para aparecer
E não tem nunca certeza de ficar
Nunca diga nunca
Eu bem que sei que não sei ...
E mesmo com ou sem tantos porquês
Não importa, ele ainda sim vem
Ele chega para amar
Fazer prazer rolar

E se vai depois
de quando pensa derramar
dentro de mim
O que sinto como gozo e
Aroma de jasmim
Como tatuagem de nanquim
Sobre a minha pele

Melados e
Desejos do que
Temos e somos
Quando nos damos
Nos entregamos
E nos lambuzamos

Tantos entremeios e entretantos
Mas no entanto
O amor é profano e é santo

No azul do céu celeste dos olhos
daquele que tanto sinto teso e amo
O amor tem olhos de cristal
e bolinhas de vidro são a íris

Trazem o prisma
Que vejo

Ter no sorriso do menino fazendo gizzz
E nas mãos desse homem deslizando meu corpo
me escapando da loucura por um triz

E chega então Netuno mergulhando na espuma do mar ...
O amor que arranha é o mesmo que faz gozar.

(06/06/2002)


(Paula Valeria Andrade)


voltar última atualização: 01/04/2007
10727 visitas desde 01/07/2005
Copyright © 1999-2020 - A Garganta da Serpente