A Garganta da Serpente

Paulo Kamiya

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A DAMA DE NEGRO

Naquele lugar tão cheio de gente
senti a solidão, detestei este momento
não queria nada, nem conversar com ninguém
era uma festa muito maçante e chata.

Volvi os olhos num ponto fixo daquela amplidão
e vi, com assombro, uma bonita visão
uma figura distinta; vibrei com emoção
ao sentir, palpitando forte, o meu coração.

Fiquei maravilhado com aquela bela cena
observei os seus lindos olhos, a sua candura
o seu ar meigo espalhando ternura
seus delicados gestos denotando formosura.

Ela estava sozinha; como eu.
Seus amigos foram embora; como os meus.
Vagava sozinha, sem destino; como eu.
Vestia um vestido negro; sentimentos negros, como os meus.

Queria falar com ela, ouvir a sua voz
saber como se sente, calar a sua solidão
fazê-la sorrir, rir outra vez
conhecer o seu nome, repeti-lo com devoção.

Tomei coragem para falar-lhe; eu não a encontrei.
Ela estava ausente; eu a perdi.
Quis mostrar meus sentimentos; eu não os expressei.
Perdi a minha chance; muito, eu sofri.

Eu conheci o que era amar
não era mais um homem comum.
Eu não nasci poeta:
ao vê-la, ela me fez tornar um.


(Paulo Kamiya)


voltar última atualização: 30/12/2007
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