A Garganta da Serpente

Paulo Nieri

  • aumentar a fonte
  • diminuir a fonte
  • versão para impressão
  • recomende esta página

Comoção e Silêncio

O que me comove hoje,
São as incertezas do amanhã
O passado já é história e nada posso mudar
O que me comove hoje é a efemeridade do minuto
seguinte
Pois as lembranças são ingenuidades que não posso
recuperar
O que me comove hoje é o vagar sem destino
As pegadas antigas são marcas perdidas
E passadas lágrimas não quero mais chorar
O que me comove hoje é o choro estridente da criança
Pois ao velho endurecido eu nada posso acrescentar
O que me comove hoje é esse amor fugaz, mutante
Paixões remotas não podem mais me alimentar
O que me comove hoje não é a esperança do poder
esperar
E nem os fatos marcados na carne em doces cicatrizes
da vida
Mas sim o que talvez venha sem precisar chegar
O que me comove hoje é essa ausência de perdão e
silêncio
E não as desculpas dadas por em um pé qualquer
tropeçar
O que me comove hoje é esse vislumbre da falta de vida
Não a vida contada em anos no apagar de velas de
aniversário
Mas a vida vivida, sentida e cantada
Já que o que realmente me comove hoje
É essa saudade a flor da pele, por que não doída?!
De todas as almas que eu não pude amar
Ou abraçar com alegria e ternura para depois libertar
E olhando nos olhos dizer com sinceridade:
- Me comovo em poder em gestos calar as palavras e
expressar em sentimentos.
Assim, o que me comove hoje,
É ter esperado tanto tempo para dizer a vida,
Como eu realmente amei viver...

(31/07/2003)


(Paulo Nieri)


voltar última atualização: 21/06/2005
7489 visitas desde 01/07/2005
Copyright © 1999-2020 - A Garganta da Serpente