A Garganta da Serpente

Paulo Roberto Ferreira

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Poslúdio

Ainda um pomo no jardim
Que dissimula a sombra
Seduz nosso desejo
É de olhos atraentes
E nos ensina
Que o pecado se obtém
Com prazer.
Ele guarda um segredo.
Ah! Que horror!
Que desvairada vontade de saber!

É delírio.
Deixa a alma úmida
E o corpo quente.

Ver na pele ressequida
Da vontade
A sede secular
Insaciável.

É loucura.
Dos que desejam.
O anélito tenaz
Dos que amam.

Sua voz de serpente
Sua voz suave
Chega-nos ao ouvido
Como um canto
Do qual fugir
Não se pode.

Como ensaiar uma fuga
Se os músculos já estão
Lassos?

E a língua sedenta
Experimenta
Cada gota
Com desejo
Com prazer
De seu sumo.

(Paulo Roberto Ferreira)


voltar última atualização: 21/09/2008
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