A Garganta da Serpente

Paulo Themudo Gomes

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Em Glória Do Tempo

Acordei...
O dia mergulhava
Nos olhares de quem passava.
Imaginei...
Que qualquer fantasia
Ou lembrança de madrugada
Me iria acordar sem esperança
Numa nova alvorada.
E o dia estava vestido em mim...
Todas as faces, os sorrisos, os olhares,
Me recordavam que sou humano
E que ser humano deveria significar algo.
A verdade é que só vivemos de circunstâncias
Não de vozes ou poesias
Ou curiosas lembranças
Dos dias.
Dias que passam sem que os sinta
Que me espelham a alma
Com verdade, uma voz mais altiva,
Mais alegria.
Bato à porta
Do céu eterno que se abre, perante os meus olhos,
Como qualquer criança a acordar para o mundo
Observo, sem saber porque motivo
Estava ali o início de tudo.
Constantemente nas minhas sensações
Essa carência de mundo
Onde sobrevivo,
Mendiguei, mas cresço em tom altivo.
Como o tom de uma musica
A ecoar na minha cabeça
A dizer-me que cresça...
É infinita a melodia
Que me revela o pensamento
Tal e qual o meu rosto
Numa voz de poesia,
Uma imagem, uma fotografia,
Daquilo que é a nossa alma
Onde se esconderam todos os receios
Para dar lugar
Aos mais eternos recreios,
De crianças que somos.
Essa semelhança humana
Onde estamos,
Lugar das nossas recordações...
Lembro-me de deixar para trás
Uma estrada sem caminho
Um copo, cheio... Cheio de vinho,
A embriagar os sonhos e esperanças do meu destino.
Acordei...
Sóbrio, com um caminho,
No meu passado desconhecido.
Quero apenas vida...
Quero apenas os dias...
Quero recordar-me do sonho,
Seguir em frente
Saber que estou aqui
Para ser alguém no mundo.


(Paulo Themudo Gomes)


voltar última atualização: 17/01/2005
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