A Garganta da Serpente

Pedro Paulo Garcia

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Deve poder poder

Os dias sempre duram o tempo que parecem durar
A lua gira e não demonstra seu pesar
Oh, ornitorrinco!
Quantos ovos mais irá botar
P'ra provar que é uma ave que não pode voar?

Nada é mais profundo que o mar
Até o universo e seu azar
Com as histórias que ninguém mais quer contar
Justificam que nada vai mudar

Os sentidos são fáceis de encontrar
E as rimas sempre ruins
Te geram mal estar
Será que sem as rimas você pode bem estar?

Quantos ornitorrincos você espera ver voar?
Mais pesado que o ar?
Ossos pneumáticos vão faltar?
Nem galinhas, quanto mais o pobre inepto boreal...

Usa-se gasolina para voar
Usa-se álcool.
(O que? Saberás)
Os combustíveis precisam de um preciso lugar.

Quantos ovos mais você precisa botar
p'ra se convencer que não pode voar
E que não pode o combustível
Criar,
Inalar,
Cheirar,
Engolir,
Desprezar.

O que se pode fazer que não resignar?
Muito, certamente; pouco será.
E não há que se resignar.
Há que se descobrir como se pode voar.


(Pedro Paulo Garcia)


voltar última atualização: 03/11/2008
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