Fitando longe os teus passados dias,
Vendo tingidas de mortais palores
Trêmulas crenças entre murchas flôres,
Em pó desfeitas puras alegrias;
Em sonho, em riso, em lágrimas, dizias:
"A noite rola fúnebres vapores...
Mas brilha a estrêla d'alva! Aos seus fulgores
É verde o campo, o mar tem harmonias".
Era êsse filho que adoravas tanto
Na densa névoa d'alma entristecida,
Azul estrêla, da alvorada o canto.
Cedo trocou-se, na estação querida,
Do orvalho a gota em pérola de pranto:
- Morreu em flôr a flôr de tua vida.
(Pedro Luís Pereira de Sousa)
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