Eu tenho uma aura negra
Que minha face alva esconde.
Sombrio, quem entra em meu bonde
Dele libertar-se-á somente a prega
de teu corpo molemente morto.
Ruga, que chora tua enrugada face
O teu sorriso velho ficou torto.
O tempo de ampulheta é um enlace
que a fina areia que escorre encrava.
Laçado pelo tempo que ainda escorre
A tua alma de garoto que falava
docemente, cedo ou tarde no tempo morre.
Ainda dócil e silvando, Oh doce juventude
que a vida inteira goza num instante
hoje vive em plenitude, amanhã morre em quietude.
(O Pixote)
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