A Garganta da Serpente
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Dor inteira

Estava no deserto, no meio do nada
Correndo por uma estrada... na contra mão
Quando vi aquele grande Touro passar
Apaixonada, fiquei a amar
Mas aquele já era o seu lugar (seu jeito de continuar)
Nada passa sem preço, em vão
Eu pedi uma cerveja em qualquer bar
Eu perdi e lamentei em qualquer bar do deserto
Grandes sujeitos de ira e maldade cobertos
E um cavalo negro às minhas pernas fitar

E eu disse: não (não, não, não, não, não, não)
Não (não, não, não, não, não, não)
Eu disse: não (não, não, não, não, não, não)
Estou cansada de não ter nada para mim

Quando caí de costas naquele grande vazio
Enquanto você só tentava ser amável
Corri léguas ao longo de um rio sombrio
Força brutal para mudar o imutável
Pois não era aquele o meu lugar e você não iria comigo
Meus joelhos cedem enquanto minha mente persegue
Que resista meu corpo, que o medo se entregue
Que corra o tempo que passa, que clareie o tempo que faz
Ainda não acabou, resta o fim, então eu disse "não olhe para trás"
Mas Touro gritou: Hei! Moça... quer casar comigo?

E eu disse: não (não, não, não, não, não, não)
Não (não, não, não, não, não, não)
Eu disse: não (não, não, não, não, não, não)
Você não serve para mim

Meus pés calejados, sujos de poeira
Alma cansada, magoada por inteira
Lavada de suor, saliva, sujeira
É um ventre de corrupção
É um vento quente de devassidão
É um vício frente a toda tristeza
É massacre ao que um dia foi beleza
Agora é só, é sol, é sal, é um lamaçal
É cabaré, é solidão, é carne, é podridão

(Pluto)


voltar última atualização: 03/05/2007
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